De 21 a 30 de julho, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) retorna à cena cultural com uma programação pautada por temas urgentes da sociedade, tendo como um dos destaques a presença da cena preta, com obras que sinalizam a vitalidade sobre o temática, suas questões e impasses.
O coletivo paulistano O Bonde trata do drama de crianças africanas refugiadas em Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus, que parte de uma história real de um menino encontrado dentro de uma mala ao tentar entrar no continente europeu. Protagonizado por Hilton Cobra, fundador da Cia dos Comuns (RJ), Traga-me a cabeça de Lima Barreto! mergulha na vida e obra do autor carioca para discutir o racismo e a eugenia no Brasil.
Montagem do Quintal das Artes (RJ), Luiza Mahin… Eu ainda continuo aqui evoca a figurada personagem-título, mãe do advogado abolicionista e jornalista Luiz Gama (1830-1882), para denunciar o genocídio da juventude negra a partir de relatos verídicos de mães de vítimas de violência policial. Já Ombela – A Origem Das Chuvas (RJ) conta a história de uma deusa menina e africana, a deusa das chuvas, que está começando a entender os seus sentimentos, a diferença entre alegria e tristeza.
Na performance Bola de Fogo, Fábio Osório Monteiro (BA) trabalha com humor, política, espiritualidade, memória, afeto e ancestralidade ao se tornar baiana de acarajé.
A temática negra está presente nas ações formativas com o encontro Autópsia Negra: Quando Um Cérebro É Cravado De Búzioscom Hilton Cobra (RJ), Onisajé (BA) e Salloma Salomão (SP). O evento discutirá aspectos estéticos, políticos e sociais contidos em parte da cena negra teatral contemporânea, tomando como provocação o espetáculo Traga-me a cabeça de Lima Barreto, solo de Cobra.
Um dos mais importantes espaços de difusão e reflexão das artes cênicas no País, o FIT Rio Preto contemplará ao todo 31 obras, de gêneros e estéticas diversas, que irão ocupar 20 locais da cidade, entre palcos, ruas e espaços alternativos, totalizando 65 apresentações em 10 dias. Serão 17 ações formativas gratuitas e um Ponto de Encontro, o Graneleiro, que receberá 34 atrações, com entrada franca.
Realizado pela Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto e pelo Sesc São Paulo, o festival chega, em 2022, aos 53 anos de história e 20 anos de edição internacional, retornando à ativa após uma lacuna de dois anos sem edições por conta da pandemia da covid-19.
BOLA DE FOGO
Fábio Osório Monteiro | Salvador (BA)
Bola de Fogo estreou em janeiro de 2017, quando Fábio Osório Monteiro, tentando resistir à dificuldade financeira da vida de artista, decide se tornar baiana de acarajé. Fez o seu registro oficial como baiana na ABAM (Associação Nacional das Baianas de Acarajé e Mingau) e montou seu tabuleiro na Praça do Cacau. Devidamente trajado, Osório vende o seu acarajé e sua criação artística. Humor, política, espiritualidade, memória, afeto e ancestralidade se cruzam no tabuleiro.
Data: 21/07 | Horário: 22h30 às 3h|
Complexo Swift de Educação e Cultura (em frente ao anfiteatro do Parque da Represa)
Grátis (retirada de ingressos na bilheteria FIT no Complexo Swift, nos dias de Graneleiro, a partir das 15h, com limite de 1 (um) ingresso por pessoa
TRAGA-ME A CABEÇA DE LIMA BARRETO
Cia dos Comuns | Rio de Janeiro/RJ
Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 60 minutos | Data: 24 e 25/07 | Horário: 19h | Local: Teatro do Sesc | 228 lugares | Ingressos: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia-entrada: aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública, trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciados no Sesc e seus dependentes, classe teatral rio-pretense credenciada e participantes do Festival com crachá de identificação) | Venda online disponível a partir de 8 de julho no site fitriopreto.com.br
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Sinopse
Escrita pelo diretor e dramaturgo Luiz Marfuz, em 2017, especialmente para comemorar os 40 anos de carreira do ator Hilton Cobra, com direção de Fernanda Júlia (Onisajé), a peça mostra uma imaginária sessão de autópsia na cabeça do escritor Lima Barreto, conduzida por um Congresso de Eugenistas no Brasil, início do século XX. Após a morte de Lima Barreto, os médicos eugenistas determinam a exumação do corpo, a fim de responder à seguinte pergunta: “Como um cérebro, considerado inferior pelos eugenistas da época, poderia ter produzido e publicado obras literárias de qualidade, se a arte nobre e da boa escrita deveria ser um privilégio das raças consideradas superiores?”. A partir desse embate, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, refletindo sobre loucura, racismo e eugenia, a obra não reconhecida e os enfrentamentos políticos e literários de sua época.
Ficha técnica
Ator: Hilton Cobra
Dramaturgia: Luiz Marfuz
Direção: Fernanda Júlia (Onisajé)
Cenário: Vila de Taipa – Erick Saboya, Igor Liberato e Marcio Meirelles
Direção Musical: Jarbas Bittencourt
Direção de Movimentos: Zebrinha
Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho e Valmyr Ferreira
Figurino: Biza Vianna
Direção de Vídeo: David Aynan
Adereços: Dominique Faislon
Assistência de Direção, Preparação Corporal e Vocal: Fernando Santana
Produção Executiva: Lud Picosque
Operador de Áudio e Vídeo: Duda Fonseca
Operador de Luz: Lucas Barbalho
Vozes em Off: Lázaro Ramos, Caco Monteiro, Harildo Deda, Frank Menezes, Hebe Alves, Rui Mantur e Stephane Bourgade
OMBELA – A ORIGEM DAS CHUVAS
Sopro Escritório de Cultura | Rio de Janeiro (RJ)
Classificação indicativa: livre | Duração: 75 minutos | Data: 26/07 | Horário: 15h e 19h | Local: Teatro do Sesi | 380 lugares | Ingressos: Grátis. Os ingressos online serão disponibilizados no dia anterior a apresentação, a partir das 11h. Os ingressos presenciais serão distribuídos no local, com 1 hora de antecedência
Sinopse
A peça é baseada no livro homônimo do poeta e escritor angolano Ondjaki. Conta a história de uma deusa menina e africana, a deusa das chuvas, que está começando a entender os seus sentimentos, a diferença entre alegria e tristeza. Ao chorar, ela se questiona para onde vão suas lágrimas. O pai de Ombela explica que sentir as emoções faz parte da evolução. O que ela não sabe é que suas lágrimas dão origem aos nossos mares e rios, e muitas perguntas seguem na sua cabeça. Junto com a inseparável amiga, uma rã, ela vai descobrir a importância desse fenômeno que se chama chuva e ensinará para o pai tudo o que aprendeu em sua jornada.
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Ficha técnica
Adaptação: Mariana Jaspe e Ricardo Gomes
Diretor Artístico: Arlindo Lopes
Elenco: Sara Hana, Lu Fogaça, Marília Lopes, Orlando Caldeira, Renata Vilela e Bukassa Kabengele
Músicos: Samara Líbano, PC Castilho e Mayombe Masai
Direção Musical: Jonas Hocherman Correa e Maria Clara Valle
Composições Originais: Ondjaki, Jonas Hocherman e Maria Clara Valle
Assistente de Direção: Marina Martins
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Cenário: Teca Fischinski
Figurinos: Tereza Nabuco
Visagismo e Adereços: Carol W
Bonecos: Bruno Dante
Preparação Vocal e Colaboração Artística: Soraya Ravenle
Direção de Movimento, Preparação Corporal e Coreografias: Gleide Cambria
Preparação Circense: Deborah Motta
Pesquisa: Vilma Piedade
Programadora Visual: Anna Cunha
Designer Gráfico: Gilberto Filho
Direção de Produção: Joana D’Aguiar
Realização: Sopro Escritório de Cultura e Pássaro Azul Produções Culturais
LUIZA MAHIN… EU AINDA CONTINUO AQUI
Quintal das Artes – Cultura e Entretenimento | Rio de Janeiro/RJ
Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 60 minutos | Data: 28 e 29/07 | Horário: 21h | Local: Teatro Municipal Paulo Moura | 800 lugares | Ingressos: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia-entrada: aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública, trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciados no Sesc e seus dependentes, classe teatral rio-pretense credenciada e participantes do Festival com crachá de identificação) | Venda online disponível a partir de 8 de julho no site fitriopreto.com.br
Sinopse
A peça aborda o extermínio e o desaparecimento de jovens de comunidades e periferias, relatados por várias mães negras. Pretende jogar luz sobre essa cíclica separação forçada dos filhos que acomete as populações negras desde a travessia do Atlântico, nas diásporas. Propõe um cruzamento entre os relatos das mães de hoje com a vida da personagem Luiza Mahin (séc. XIX), mãe do advogado abolicionista e jornalista Luiz Gama, vendido como escravo pelo próprio pai. Mahin surge como uma voz ancestral que, conhecendo a dor da perda de um filho, vem para acalentar estas mulheres. Heroína da revolta dos Malês (1835 – BA), representa o ideário de uma ancestral guerreira, símbolo de força e inspiração para as mulheres negras. O texto da peça foi criado a partir de uma carta escrita por seu filho a Luiz de Mendonça, em 1880.
Ficha técnica
Texto: Márcia Santos
Idealização e Produção: Cyda Moreno
Direção Artística e Corporal: Édio Nunes
Direção Musical e Preparação Vocal: Jorge Maya
Elenco: Cyda Moreno, Marcia Santos, Tais Alves e Jonathan Fontella
Atriz Convidada: Márcia do Valle
Vozes dos Policiais: Thelmo Fernandes, Marcelo Escorel e Gedivan de Albuquerque
Voz de Luiz Gama: Deo Garzez
Cenário e Figurinos: Wanderley Gomes
Trilha Sonora Original: Jorge Maya e Regina Café
Percussão: Regina Café
Desenho de Luz: Valdecir correia
Montagem e Operação de Luz: Raphael Tutti
Técnico de Som e Sonoplastia: Thiago Silva
Edição de Vídeo: Madara Luiza
Fotografia: Cláudia Ribeiro
Design: Maria Julia Ferreira
Maquiagem: Andréia Jovito
Coordenação de Marketing: Naira Fernandes
Apoio de Pesquisa Histórica e Letra da Música Calma, Preta: Aline Najara
Direção de Produção: Cyda Moreno
Produção Executiva: Igor Veloso
Assistente de Produção: Marina Silva
QUANDO EU MORRER, VOU CONTAR TUDO A DEUS
O Bonde | São Paulo (SP)
Classificação indicativa: livre | Duração: 60 minutos | Data: 30/07 | Horário: 15h e 19h | Local: Teatro do Sesi | 380 lugares | Ingressos: Grátis | Os ingressos online serão disponibilizados no dia anterior a apresentação, a partir das 11h. Os ingressos presenciais serão distribuídos no local, com 1 hora de antecedência.
Sinopse
Baseado numa história real, o espetáculo conta as aventuras de Abou, um menino africano que foi encontrado dentro de uma mala tentando entrar no continente europeu. Ao som de tambores e violão, quatro atores contam a história deste menino refugiado que, junto com sua mala Ilê – companheira, abrigo e animal de estimação –, enfrenta dificuldades com criatividade e coragem.
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Ficha técnica
Texto: Maria Shu
Direção: Ícaro Rodrigues
Elenco: Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves
Músicos Instrumentistas: Ana Paula Marcelino e Anderson Sales
Direção Musical e Trilha Sonora: Cristiano Gouveia
Preparação Vocal: Renata Éssis
Preparação Corporal: Mariane Oliveira
Cenografia e Figurino: Eliseu Weide
Assistência de Cenografia e Figurino: Carolina Emídio e Iasmin Ianovale
Criação e Operação de Luz: Kenny Rogers
Fotos e Release: Tide Gugliano
Produção Executiva: Janaína Grasso
Realização: O Bonde
Ação Formativa
Autópsia Negra: Quando Um Cérebro É Cravado De Búzios
Hilton Cobra (RJ) | Onisajé (BA) | Salloma Salomão (SP)
Dia: 26/07/2022, 14h30
Local: Teatro de Bolso da Casa de Cultura Dinorath do Valle
Este encontro propõe-se a refletir acerca de aspectos estéticos, políticos e sociais contidos em parte da cena negra teatral contemporânea, tomando como provocação o espetáculo Traga-me a cabeça de Lima Barreto.