Fuego Rojo reaviva uma América Latina que precede essa nominação. O palco se faz território de uma cosmovisão que reconcilia o humano e a natureza, em um espetáculo que se deleita em criações coreográficas em que as tradições andinas se conjugam ao circo-teatro contemporâneo. Uma riqueza de imagens, movimentos e sonoridades que proporciona uma experiência crítica, cinestésica e sensorial ao público.

Ao entoar o canto de um pássaro, mover-se com as articulações de outros primatas ou desafiar a gravidade num amontoamento humano que erige uma forma como de uma cordilheira, os artistas em cena encontram outras corporeidades, mais integradas ao mundo natural. Manejam tempo, espaço e materialidades atentos ao potencial criativo de cada uma dessas dimensões, com o espírito incendiante de quem se livra dos ditames coloniais-neoliberais para reimaginar a vida, trançando ancestralidade e futuro.

Nessa festa-funeral pagã criada para a rua, as centelhas são acesas pela trilogia Memória do Fogo, de Eduardo Galeano, um épico poético e fantástico sobre a história da América Latina, que inspira o coletivo chileno dirigido por Martin Erazo. Os mesmos qualificadores cabem a Fuego Rojo, com sua fisicalidade onírica que planta indagações sobre a vida política do continente, reapresenta a cultura de povos pré-colombianos, atualiza e ritualiza suas aspirações.

Datas/Horários/Locais:
28/7, 19h, Anfiteatro Nelson Castro (Parque da Represa)
30/7, 19h, Escola de Competências Deputado Roberto Rollemberg (ECO Santo Antônio)
Grátis | Duração: 60 minutos