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Musical manauara denuncia esquema de tráfico sexual de mulheres que mancha a história brasileira

O coletivo Ateliê 23, de Manaus (AM), resgata a História brasileira para denunciar um esquema de tráfico sexual e internacional de mulheres que marcou o início do século XX no espetáculo musical “Cabaré Chinelo”, que será apresentado no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) nos dias 27 e 28 de julho, às 21h, na comedoria do Sesc.

O espetáculo nasceu a partir da pesquisa de mestrado do historiador Narciso Freitas na Universidade Federal do Amazonas, em que denuncia o tráfico de mulheres no Brasil no início do século passado, que teve como foco algumas cidades brasileiras como Manaus, Belém, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, além de diversos países da América do Sul. “Muitas mulheres eram trazidas de lugares como Polônia, França e Espanha em navios que atracavam em Buenos Aires (Argentina). De lá, elas eram divididas pelas cidades para trabalharem como prostitutas de luxo por dois ou três anos. Depois disso, eram enviadas às ruas por não serem mais novidade. Dessa forma, havia a distinção entre o alto e baixo meretrício”, conta.

De acordo com o que Soares constatou em sua pesquisa de mestrado, as mulheres traficadas tinham idades variadas, mas, em geral, eram menores quando foram raptadas de suas casas. “Havia uma catalogação delas por meio de fichas de profilaxia, que eram cadastros dos órgãos de saúde em que constava sua idade, quem as deflorou e quais doenças possuíam, ou seja, as IST (infecções sexualmente transmissíveis) que adquiriam dos homens, mas que eram notificadas como responsáveis pela transmissão na cidade.”

Em Manaus (AM), esse esquema se deu em alguns pontos da cidade, principalmente no Cassina, o maior hotel do período áureo do ciclo da borracha e que vulgarmente era chamado de Cabaré Chinelo. É a partir desse local que se desenvolve o enredo do musical.

Em “Cabaré Chinelo”, o teatro flerta com histórias reais e materiais documentais, conceito que a companhia manauara intitula como bionarrativas cênicas. O musical marcou as comemorações dos 10 anos de história do Ateliê 23.

Trajetória do coletivo
Com uma década de história, o Ateliê 23 tem sede no centro da cidade de Manaus desde 2015, trazendo em seu repertório 17 espetáculos de teatro e dança. Em 2020, o grupo iniciou sua trajetória no audiovisual com a obra “Vacas Bravas (online)”, seguida do projeto “A Bela é Poc” (2021). 

A principal característica do coletivo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de doutorado “Bionarrativas Cênicas”, defendida por Taciano Soares na Universidade Federal da Bahia. Entre obras de sucessos de público e crítica estão “Helena”, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário, do Itaú Cultural, e indicado ao Prêmio Brasil Musical; “da Silva” e “Ensaio de Despedida”, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; “Vacas Bravas”, “Persona – Face Um” e “A Bela é Poc”.

O Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto é uma realização da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e Sesc São Paulo. Parceria com o Sesi São Paulo e apoio institucional do Conselho Municipal de Políticas Culturais e Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

Cabaré Chinelo
Ateliê 23 | Manaus/AM
A história não contada nos livros ganha espaço neste espetáculo, 100 anos depois. A belle époque manauara esconde o sangue de mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no início do século XX. O Ateliê 23 convida, para celebrar os 10 anos de companhia, 12 mulheres para cantarem e contarem suas vidas e colocarem em cena verdades, até então, desconhecidas.

Ficha técnica
Direção geral: Taciano Soares 
Codireção: Jazmín García Sathicq 
Dramaturgia: Eric Lima e Taciano Soares 
Elenco: Allícia Castro, Ana Oliveira, Andira Angeli, Bruna Pollari, Daniely Peinado, Daphne Pompeu, Eric Lima, Fernanda Seixas, Julia Kahane, Sarah Margarido, Taciano Soares, Thayná Liartes, Vanja Poty e Vívian Oliveira 
Stand-in: Amanda Magaiver, Iely Costa e Naomi Tokutomi 
Direção musical e coreografia: Eric Lima 
Banda: Guilherme Bonates, Stivisson Menezes e Yago Reis 
Assistência de direção: Carol Santa Ana e Eric Lima 
Assistência musical: Guilherme Bonates e Sarah Margarido 
Preparação vocal: Krishna Pennutt 
Provocação corporal: Viviane Palandi 
Figurino: Melissa Maia 
Assistente de figurino e estagiária: Bruna Thaynah 
Corte de figurinos: Mariane Garcia  
Costura: Fancisjane Souza, Maria Francisca de Lima, Regina dos Santos e Rita do Amaral  
Adereços: Rodrigo Fernandes Pinto 
Alfaiataria: Cidarta de Souza 
Chefia de camareiras: Eillen Queiroz 
Camareiras: Joveniana Oliveira, Maria Gracineia Oliveira 
Cenografia: Juca di Souza 
Maquiagem: Eric Lima e Taciano Soares 
Iluminação: Tabbatha Melo 
Pesquisa histórica: Narciso Freitas 
Apoio técnico: Titto Silva e Juca di Souza
Fotografia e vídeo: Hamyle Nobre
Assessoria de comunicação: Manuella Barros
Produção: Ateliê 23

Serviço:
Cabaré Chinelo
Ateliê 23 | Manaus/AM
Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 90 minutos | Data: 27 e 28/07 | Horário: 21h | Local: Sesc Rio Preto – Comedoria | 150 lugares  
Ingressos esgotados

Foto: Rudá Marques

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