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Atividades formativas ampliam o exercício da escuta perante a diversidade humana

As atividades formativas do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) ampliam o sentido da palavra escutar como verbo, prática e ação. Ao todo, serão 14 ações, entre encontros, rodas de conversas, vivências e  lançamentos editoriais, permitindo ao público, aos participantes do FIT e à classe artística local ampliar a discussão proposta pelos espetáculos em um contato mais direto com os artistas e técnicos.

A artista e pesquisadora Renata Felinto, responsável pela curadoria, destaca que levou em consideração a possibilidade de criação de um espaço de contato e partilha para artistas de diferentes condições de existência, considerando marcadores sociais como geografias, culturas, idades, etnias, gêneros e orientações sexuais. Para ela, esse critério é “extremamente importante para uma escuta comprometida com diferentes públicos que prestigiam o festival”.

“Garantimos uma programação direcionada às diversas audiências de forma a não reforçar marginalidades e convidar todas as pessoas interessadas para ações formativas que, em realidade, dizem respeito a quem se compromete em entender e respeitar a multiplicidade humana em suas naturezas e integridades, reforçando o poder das artes cênicas em emocionar, mobilizar e transformar”, reforça a curadora.

FIT Rio Preto 2023 – Ações formativas

encontro
21/07/2023 (sexta-feira)
15h às 16h30
Casa de Cultura Dinorath do Valle
Classificação indicativa: 12 anos

A CURADORIA DE ESCUTAR: O QUE DIZEM AS/OS CORPAS/OS
Fernanda Júlia Onisajé (BA) | Fernando Yamamoto (RN) | Tommy Della Pietra (SP)
O trio curatorial do FIT Rio Preto 2023 compartilha com o público as escutas que esperam serem audíveis a partir das múltiplas vozes e textos que são apresentados pelos espetáculos selecionados e convidados. Ou seja, o que é o lugar de escuta proposto pela curadoria.

Fernanda Júlia – Onisajé
Onisajé é diretora teatral graduada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutora em Artes Cênicas com a tese “Teatro Preto de Candomblé: uma construção ético-poética de encenação e atuação negras” (2021) e mestre em Artes cênicas com a dissertação “Ancestralidade em cena: Candomblé e Teatro na formação de uma encenadora” (2016) pela mesma instituição. Também atua como dramaturga, preparadora de atores e educadora, além de pesquisar a cultura africana no Brasil com ênfase na religiosidade do Candomblé. Integra o grupo de pesquisa Pé na Cena-CNPq, tendo publicado vários artigos sobre Teatro Negro. Fundadora do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (Nata), fundado em 1998 na cidade de Alagoinhas (BA). Escreveu e dirigiu os espetáculos: “Siré Obá – A festa do rei”,  “Ogun – Deus e Homem”, “Exu – A Boca do Universo”, “Macumba – Uma Gira sobre Poder”. Encenou ainda as montagens: “Erê”, “Traga-me a cabeça de Lima Barreto”, “Peles Negras, Máscaras Brancas” e “12 Anos ou a Memória da Queda”.

Fernando Yamamoto
Fernando Yamamoto é diretor, professor, dramaturgo e pesquisador de teatro. É um dos fundadores do grupo de teatro Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), pelo qual dirigiu vários espetáculos, entre eles “Acatacara: uma peça ao avesso”, “L.A.A.A.T.I.N.A. – Legião de Aventureiras, Aventureires e Aventureiros Tenazes e Incansáveis pelas Narrativas ao Avesso”, “Clã_Destin@: uma viagem cênico-cibernética”, “Nuestra Senhora de las Nuvens” e “O casamento do pequeno burguês”. Foi assistente de direção de Gabriel Villela em “Sua Incelença, Ricardo III” e de Marcio Aurelio em “Hamlet”, além de dirigir peças fora dos Clowns, como “A Mulher Revoltada”, texto inaugural de Xico Sá montado pelo projeto Nova Dramaturgia Brasileira (CCBB/DF e Sesc/RJ); “Cavaleiros da Triste Figura”, com o Grupo Boca de Cena (Aracaju/SE); e “Y el resto es fútbol”, com o grupo El Galpón, do Uruguai. Também prestou diversas consultorias de encenação e dramaturgia pelo Brasil e atuou como professor em mais de 100 oficinas e laboratórios por todo o País e como curador e crítico em festivais e mostras.

Tommy della Pietra
Tommy della Pietra é assistente da Gerência de Ação Cultural do Sesc-SP. Participou de diversos projetos culturais, principalmente nas áreas do Teatro, atuando como diretor, dramaturgista, videasta e produtor. Fez parte da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona por 15 anos e é formado em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

lançamento editorial – Edições Sesc
21/07/2023 (sexta-feira)
20h
Sesc Rio Preto – Biblioteca
Classificação indicativa: 14 anos

CRISE E PENSAMENTO CRÍTICO: O TEATRO EM COMUNICAÇÃO COM O PÚBLICO
Shirlei Torres Perez (SP) 
Apresentação: Renata Felinto
O livro “Crise e pensamento crítico: o teatro em comunicação com o público”, lançado pelas Edições Sesc São Paulo, é fruto da tese de doutorado de Shirlei Torres Perez em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, em que discute sobre o papel da crítica em um contexto de crise de valores, contribuindo para mitigar essa situação ao estabelecer relações entre a crítica e a ação cultural. A obra é dividida em uma primeira parte mais teórica, em que a pesquisadora elenca conceitos sobre teatro, crítica e crise a partir de diversos autores, detendo-se nos aspectos da comunicação entre o artista e o público na encenação; e uma segunda parte, definida como “Vivências comunicativas”, em que a autora desenvolve seus exercícios de olhar sobre nove peças.

Shirlei Torres Perez
Shirlei Torres Perez é mestre e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP; tem lato sensu em Sociologia do Lazer pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo; estudos em Administração da Cultura pela Fundação Getúlio Vargas; bacharel em teatro pela Escola de Comunicações e Artes da USP; e pós-doutora pela Universidade de Coimbra, Portugal.

Cena de espetáculo do Grupo Pano, de São Paulo

roda de conversa
22/07/2023 (sábado)
11h
Sesc Rio Preto – Sala de uso múltiplo
Classificação indicativa: 14 anos

A ESCUTA DA LUTA POLÍTICA NOS TEXTOS CLÁSSICOS
Coletivo de Teatro Alfenim (PB) | Grupo Pano (SP)
Mediação: Renata Felinto
As duas companhias teatrais abordam questões políticas que se vinculam à estética brechtiana e ressaltam a urgência do compromisso na constituição de atores e atrizes sociais cientes de sua atuação individual e coletiva. O Coletivo de Teatro Alfenim e o Grupo Pano convidam o público interessado ao reconhecimento da herança de Bertold Brecht (1898-1956) em suas obras a fim de evidenciar a atualidade dos textos como possibilidade de conscientização política por meio das artes cênicas.

Coletivo de Teatro Alfenin
O Coletivo de Teatro Alfenim surgiu, em maio de 2006, por iniciativa do dramaturgo e diretor paulistano Márcio Marciano. O grupo desenvolve estudos para a criação de uma dramaturgia própria com base em assuntos brasileiros. Tem como objetivo promover, através de seus espetáculos, o pensamento crítico sobre as contradições da formação social do País. Busca em suas montagens a politização da forma como instrumento de análise de seus conteúdos. Visa à formação de plateias através de eventos paralelos às montagens como seminários, oficinas e debates abertos sobre os temas abordados na pesquisa. Suas atividades formativas, bem como temporadas do repertório, acontecem em sua sede na cidade de João Pessoa (PB).

Grupo Pano
O Grupo Pano desenvolve sua metodologia de trabalho a partir de estudos teóricos e práticos acerca do fazer artístico e da realidade social, se utilizando do Teatro do Absurdo por viés antropofágico e das linguagens que Martin Esslin chama de Teatro Puro. A partir da pesquisa em torno de nomes como Adorno, Esslin, Flávio Desgranges e Bertolt Brecht, explora a tensão entre o absurdo e o épico no Teatro. Além de dar um foco na noção da crise do drama, propõe um olhar sobre os percursos do teatro ao longo da História e de suas mudanças de gênero e pensamento cênico.

Cena da peça ‘O Pequeno Herói Preto’

vivência
22/07/2023 (sábado)
13h30 às 15h
Sesc Rio Preto – Sala de uso múltiplo
Classificação indicativa: livre

O ECOAR DA DIVERSIDADE: PROTAGONISMOS NAS NARRATIVAS INFANTIS
Junior Dantas (RJ) | Rodrigo Andrade (SP)
A partir da narrativa de um herói de origem nagô da peça “O Pequeno Herói Preto”, propõe-se uma conversa sobre o surgimento desse personagem entre Júnior e Rodrigo, com ênfase na importância da diversidade de protagonistas nas histórias para o público infantil. A partir disso, Rodrigo demonstrará um pouco de seu trabalho e conduzirá a criação de personagens junto ao público.

Junior Dantas 
É ator, jornalista, roteirista e contador de histórias. Natural da cidade de Ipueira (RN), atualmente é radicado no Rio de Janeiro, onde faz parte da Cia. OmondÉ. É idealizador, ator e coautor dos premiados espetáculos teatrais “O Pequeno Príncipe Preto” e “O Pequeno Herói Preto”, que já percorreram diversas cidades do Brasil e chegaram até o continente africano.

Rodrigo Andrade
Rodrigo Andrade era apaixonado por bibliotecas e livros ilustrados quando pequeno. Estudou Artes Gráficas, especializou-se em desenvolvimento para web e hoje trabalha na área da educação digital, desenvolvendo conteúdo multimídia e animações. Buscar formas criativas de abordar o lúdico e a diversidade, em todos os sentidos, é uma constante em seus desenhos. O espírito do menino negro das bibliotecas, cheio de imagens na cabeça, está sempre em tudo o que faz.

vivência
22/07/2023 (sábado)
15h às 16h30
Sesc Rio Preto – Comedoria
Classificação indicativa: 14 anos

PERCEPÇÕES DAS TRADIÇÕES CÊNICAS: O RESSOAR DE HERANÇAS NORDESTINAS NO SUDESTE
Cleydson Catarina (CE) | Naruna Costa (SP) | Sâmia Ramare (CE)
Entre um bolo de milho, um suco de caju e um dedo de prosa, artistas do espetáculo “Boi Mansinho e a Santa Cruz do Deserto” e Sâmia Ramare recebem o público para um encontro sensorial e poético em torno dos aspectos culturais que conectam Nordeste e Sudeste.

Cleydson Catarina
Cearense, ator, diretor, mascareiro, bonequeiro, aderecista e brincante. Um andarilho vindo de uma família tradicional de brincantes, a Reisado Matutino, que passou por diversos estados e contribuiu com a cena teatral de cada localidade. Fundou o grupo Burrinha da Saudade, em Pernambuco, e o Grupo Cavaleiro da Dama Pobreza, no Ceará. Participou do Grupo Formosura (CE) e Movimento Escambo (CE, PE, RN e PB). Já em São Paulo trabalhou com diversos coletivos como Cia. dos Inventivos, Coletivo Negro, Grupo Clariô de Teatro, Grupo Clarianas, Bando Trapos e Via Vento Cia., além de fundar o Grupo de Teatro Terreiro Encantado, no qual desenvolve a criação com máscaras.

Naruna Costa
Naruna de Lima Costa é natural de Taboão da Serra. Atriz, cantora, compositora e diretora. Sua atuação se caracteriza pela valorização poética das periferias paulistanas e da presença negra no cenário cultural. Ao longo de uma década e meia, Naruna se firma no mundo artístico brasileiro graças ao impacto político e estético de seus trabalhos em teatro, televisão, cinema e música. Suas escolhas de personagens ilustram a resistência à opressão social e aos abismos econômicos do País. Formada na EAD (Escola de Arte Dramática) ECA/USP, ela é cofundadora do Espaço Clariô Taboão da Serra e do premiado Grupo Clariô de Teatro, referência da militância negra de cultura periférica de São Paulo, e também lidera o grupo de pesquisa de música urbana de raiz popular Clarianas, com dois discos autorais:  “Giradêra” (2012)  e “Quebra Quebranto” (2019). No audiovisual, atualmente protagoniza a série “Irmandade” (Netflix). Recentemente, recebeu o Prêmio APCA na categoria de melhor direção pela montagem de “BURAQUINHOS – ou – O Vento é inimigo do Picuma”, de Jonny Sallaberg, categoria pela qual também foi premiada pelo Prêmio Aplauso Brasil – Júri Popular. 

Sâmia Ramare
Mulher preta da cena, filha de Marta Maria e José Neto, nascida na região dos Inhamuns, no Ceará, Sâmia Ramare é encenadora, atriz, pesquisadora e produtora cultural com Licenciatura em Teatro pela Universidade Regional do Cariri (URCA). Em sua formação, focou seus estudos nas performances no espaço urbano, criando obras como “sÓ” (2015) e “#poreLas” (2017), que foram encenadas nas ruas da cidade do Crato. Integra o Grupo Ninho de Teatro e o ponto de cultura Casa Ninho desde 2013, atuando em trabalhos como “A Lição Maluquinha” (2013), “Poeira” (2016) e “Fractais” (2021). Juntamente com o Grupo Ninho, integra a coordenação e a produção da Escola Carpintaria da Cena, de criação livre em teatro e tradição. É pesquisadora do Grupo de Pesquisa Ocupações artísticas da Cidade (URCA/CNPq) desde 2018. Segue curiosa com o campo da performance e aprofundando sua pesquisa no fazer artístico de mulheres negras na cena.

vivência
23/07/2023 (domingo)
14h30 às 16h30
Casa de Cultura Dinorath do Valle
Classificação indicativa: livre

ESCUTANDO A ANCESTRALIDADE: FAMÍLIA TRINDADE E CORPORALIDADES NEGRAS
Vitor Trindade e Elis Trindade – Família Trindade (SP) | Complexo Negra Palavra, Coletivo Preto e Companhia de Teatro Íntimo (RJ)
A família Trindade – herdeira da fortuna crítica e artística de Solano, Maria Margarida e Raquel Trindade – realiza uma vivência sobre danças populares de tradição afro-orientada com a participação e colaboração do elenco de “Negra Palavra: Solano Trindade”. Essas danças foram transferidas intergeracionalmente para o elenco do Teatro Popular Solano Trindade, situado em Embu das Artes (SP). Em meio às danças e músicas, há momentos de trocas sobre a história do escritor e de sua família.

Vitor Trindade
Natural de Duque de Caixas (RJ), Vitor Trindade é músico e professor. Herdeiro cultural do legado de seu avô, o poeta Solano Trindade, e da terapeuta ocupacional Margarida Trindade, é filho da artista plástica e folclorista Raquel Trindade e do alabê e cantor Jorge de Souza. É graduado em Música Popular pela Faculdade Instituto Tecnológico de Osasco (FITO) e tem mestrado em Etnomusicologia pela ECA/USP. Há mais de 40 anos atua como percussionista (também é ogan alebê), compositor, violonista popular e cantor, além de trabalhar como professor de cultura popular. É autor do livro “ “Oganilu, o Caminho do Alabê” (2019) e já foi alvo de várias premiações no Brasil.

Elis Trindade
Artista, pesquisadora e professora, Elis Trindade é licenciada em Dança pela Faculdade Paulista de Artes, fundadora da companhia Ventos e coordenadora e intérprete do corpo de baile do Teatro Popular Solano Trindade desde 2008, onde sua falecida sogra, Raquel Trindade, ensinou e instruiu-lhe como sua substituta na direção coreográfica do grupo que existe desde 1974, e que tem como raiz o Teatro Popular Brasileiro formado por Solano Trindade e dona Margarida da Trindade desde 1950. É professora de dança, tendo seu trabalho focado em aulas que contemplem e reforcem a ideia da dança contemporânea afro-brasileira. 

Complexo Negra Palavra
Um coletivo que nasce junto com o espetáculo “Negra Palavra: Solano Trindade”. Realizou, em 2021, o projeto audiovisual “PELADA”, uma experimentação de teatro online durante o período da pandemia da covid-19. Recentemente estreou seu novo trabalho em parceria com o Coletivo Preto, “PELADA – A HORA DA GAYMADA”, uma comédia suburbana que fala sobre uma disputa de espaço entre os jogadores de futebol e os de “gaymada”, um dos movimentos mais importantes da comunidade LGBTQIAPN+.

Coletivo Preto
O Coletivo Preto surgiu em 2016 e tem como intuito produzir, fomentar e divulgar trabalhos que coloquem o homem e a mulher negra em papéis de protagonismo. Além da produção e realização de espetáculos teatrais (“Boquinha… E Assim Surgiu o Mundo”, “Lívia” e “Será que Vai Chover”),  desenvolve outras atividades como “Escrita Preta”, ciclo de leituras dramatizadas; e “Nova Visão”, oficina de teatro e vídeo que instrumentaliza artistas negros para que tenham competitividade no mercado de trabalho.

Companhia de Teatro Íntimo 
A Companhia de Teatro Íntimo, que surgiu em 2005, abriu mão da quarta parede e aproximou-se de seus espectadores. O trabalho com a poesia vem, desde 2008,  demonstrando que a palavra poética abre caminhos para o afeto e a horizontalidade na relação entre ator e espectador. Com espetáculos como “Adélia” (2010), com poesias de Adélia Prado, recebeu o Prêmio Miriam Muniz de Teatro; “Erê, Piá, Curumim”, de 2013, levou a poesia de Drummond, Quintana, Adélia, Cecília, Ana Cristina César, Manoel de Barros e Jorge de Lima para crianças; “João Cabral”, permitiu traduzir a força das imagens do poeta pernambucano comovendo público e crítica.

lançamento editorial
23/07/2023 (domingo)
17h
Casa de Cultura Dinorath do Valle
Classificação indicativa: livre

ESCUTAS FEMININAS
Claudia Schapira (SP) | Dione Carlos (SP) | Silvia Gomez (SP) | Tiche Vianna (SP)
Os desdobramentos técnicos, estéticos, poéticos, históricos, filosóficos que fundamentam, sustentam, interseccionam, reflexionam e fortalecem a construção das obras nas artes da cena são compartilhados com o público extravasando as dinâmicas de palco. Muitos/as agentes teatrais têm desenvolvido pesquisas múltiplas que pretendem ampliar as compreensões sobre as relações entre a sociedade, processos de criação, condutas da cena, políticas para o teatro, dentre outros aspectos igualmente importantes, que nesta edição do FIT Rio Preto estão expressos nos livros dos lançamentos editoriais:

A palavra como território – Antologia Dramatúrgica do Teatro Hip-Hop
De Claudia Schapira
Sinopse: O livro “A palavra como território – Antologia Dramatúrgica do Teatro Hip-Hop” materializa uma parte da pesquisa continuada do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. É um recorte dos processos em sala de ensaio, documento que apreende o tempo histórico em que aquilo foi concebido e partilha uma parte dos mistérios da criação, lembrando que a dramaturgia escrita é uma página pontilhada, sempre por preencher por quem vai re-ler e re-criar aquele contexto.

A autora: Claudia Schapira é dramaturga, diretora, atriz-MC e figurinista. Formada pela Escola de Arte Dramática da ECA/USP, trabalha, desde 1984, em diversas áreas da cena teatral. É uma das fundadoras e diretoras do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos de Teatro, ao lado de Eugenio Lima, Roberta Estrela D’Alva e Luaa Gabanini. Atualmente, também integra o Manifestu Impromptu, coletivo de audiovisual, ao lado de Tatiana Lohmann, Azul Serra e Bianca Turner, com o qual já realizou dois seriados como roteirista para o Itaú Cultural e, neste momento, desenvolve o primeiro roteiro de ficção.

Palavra viva: dramaturgias de Dione Carlos
De Dione Carlos
Sinopse: Uma linda coletânea das seguintes dramaturgias de Dione Carlos: “Oríkì”, “Mamute”, “Revoltaя” e “Caim”. O livro ainda traz os prefácios assinados por Leda Maria Martins e Valmir Santos. Leda afirma que: “a obra oferece à nossa fruição um conjunto de peças nas quais se destacam algumas das mais acentuadas qualidades que marcam a produção cênica de Dione Carlos”. Já Valmir informa que da dramaturgia de Dione Carlos “é possível apreender movimentos tectônicos da sociedade que se arraigou no patriarcalismo. Autocuidado para a saúde mental e física. A condição da mulher e do povo negro é particularmente vetorial nas narrativas. Mitologias africana e bíblica surgem redimensionadas à luz ou, melhor, à escuridão de injustiças à flor da pele”.

A autora: Dione Carlos é dramaturga, roteirista, atriz e curadora. Possui mais de 20 peças teatrais encenadas no Brasil, em Portugal, Inglaterra, Colômbia, entre outros países. É autora de seis livros e também de textos e artigos publicados em sites e revistas especializadas em dramaturgia e poesia. Já ministrou cursos e oficinas em diferentes espaços culturais e atua como responsável pela curadoria de diversos eventos. Já atuou em canais como Disney Plus, GNT e SescTV. Atualmente, é roteirista contratada da Rede Globo, onde desenvolve séries e novelas. Além disso, segue escrevendo e atuando em peças teatrais.

Mantenha fora do alcance do bebê e Neste mundo louco, nesta noite brilhante
De Silvia Gomez
Sinopse: O livro, em edição bilíngue português-espanhol, traz os textos dramáticos “Mantenha fora do alcance do bebê” e “Neste mundo louco, nesta noite brilhante”, respectivamente traduzidos pela artista colombiana Carolina Virgüez e pelo mexicano Iozé Peñaloza. O prefácio do livro foi escrito pelo crítico e pesquisador Kil Abreu, e o posfácio pela artista, diretora e atriz Yara de Novaes.

A autora: Silvia Gomez é jornalista, dramaturga e roteirista. Autora das peças teatrais “Mantenha fora do alcance do bebê” (ganhadora dos prêmios APCA,  na categoria de melhor dramaturgia, e Aplauso Brasil, em 2015), “Neste mundo louco, nesta noite brilhante” (indicação ao Prêmio Shell paulistano, na categoria melhor dramaturgia, em 2019) e “A Árvore” (Editora Cobogó), entre outras. Suas peças foram traduzidas para o alemão, espanhol, francês, inglês, italiano, mandarim e sueco, tendo sido encenadas e lidas em países como Argentina, Bolívia, Colômbia, Escócia, Espanha, Inglaterra, México e Portugal.

Além da Commedia Dell’Arte – A aventura de um Barracão de máscaras
De Tiche Vianna
Sinopse: Este livro é a síntese dos 20 anos de trabalho de pesquisas e criações desenvolvidas por Tiche Vianna, ao lado de muitas e muitos artistas da cena, no Barracão Teatro. Sua abordagem traz a máscara teatral enquanto ferramenta pedagógica para a formação de atrizes e atores e enquanto linguagem cênica codificada que realiza sua expressão através do corpo. A escrita cria uma relação da autora com quem lê, como se fosse uma conversa que compartilha os trilhos de uma investigação.

A autora: Tiche Vianna é atriz, diretora e pesquisadora de teatro. Formada pela Escola de Arte Dramática da ECA/USP, tem doutorado em Artes da Cena pela Unicamp. Especializou-se na linguagem das máscaras e na Commedia Dell’Arte na Itália, pela Università degli Studi di Bologna e pelo Firenze of Papier Machê. Lecionou e coordenou a Escola Livre de Teatro, de Santo André (SP), e foi professora de improvisação, interpretação e máscaras no Departamento de Artes Cênicas da Unicamp. Desenvolveu trabalhos de orientação de pesquisa e projetos de montagem junto a ECA e EAD. Foi sócia fundadora do Barracão Teatro – espaço de investigação e criação cênica, atual Teatro Barracão – Território das Artes. Dirigiu espetáculos teatrais e preparou atrizes e atores para peças e produções audiovisuais.

workshop
25/07/2023 (terça-feira)
10h às 13h
Casa de Cultura Dinorath do Valle
Classificação indicativa: 12 anos

O QUE DIZEM OS PALHAÇOS?
Rui Paixão (Portugal)
A partir da tradição da palhaçaria, com foco nas especificidades desta arte na cena portuguesa, Rui Paixão revela ao público sobre os gestos, ditos ou maneiras que configuram a figura do palhaço, apresentando os modos de se comportar em cena e abrindo essas informações para um momento de experimentação junto ao público interessado.

Rui Paixão
Rui Paixão desenvolve um trabalho de investigação e experimentação de novas possibilidades para a linguagem do teatro físico e do novo circo (novo clown) com o foco na criação artística para o espaço público. Enquanto criador destaca-se a passagem pelo Cirque du Soleil e as peças “Albano”, “Hamster Clown” (cocriação com Ricardo Neves-Neves), “KINSKI – Roi de Rats” (Les SUBS, Lyon) e o “Circo do Coliseu do Porto 2022”.

encontro
25/07/2023 (terça-feira)
15h às 16h30
Sesc Rio Preto – Sala de uso múltiplo
Classificação indicativa: 14 anos

O SOM DA LIBERDADE: HISTÓRIA, PODER E LUTA POLÍTICA
Miguel Rocha – Companhia de Teatro Heliópolis | O Bonde (SP)
Quem são os/as atores/atrizes sociais e agentes políticos apresentados nas peças “Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos” e “Desfazenda –  Me enterrem fora desse lugar” e quais são suas as estratégias de articulação por direitos? É possível não reconhecer o chamado da liberdade e permanecer na prisão mental da subordinação? Neste bate-papo, Miguel Rocha e artistas de O Bonde realizam paralelismos entre as circunstâncias dadas nas peças e a conscientização política (classe, gênero e raça) do povo brasileiro.

Miguel Rocha
Sócio-fundador e diretor da Companhia de Teatro Heliópolis. Entre os espetáculos que dirigiu destacam-se “Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos” (2022), com duas indicações ao Prêmio APCA 2022, vencendo na categoria de dramaturgia, três indicações ao Prêmio SHELL 2022, vencendo nas categorias de dramaturgia e música, vencedor do Prêmio Leda Maria Martins – Ancestralidade e indicado ao 11º Prêmio Governo do Estado de SP para as Artes de 2020; “(IN)JUSTIÇA” (2019), Prêmio Shell 2019 e indicação ao Prêmio Aplauso Brasil 2019.

O Bonde
Fundado em 2017, O Bonde é um grupo de teatro negro da cidade de São Paulo que tem como pesquisa de linguagem a palavra e a narratividade como ferramenta de acesso, denúncia e ampliação de discussões afro-diaspóricas, numa constante investigação sobre o corpo negro periférico e a construção de um imaginário antirracista. Tem em seu repertório espetáculos premiados e reverenciados na cena teatral da cidade de São Paulo.

roda de conversa
26/07/2023 (quarta-feira)
15h às 17h
Casa de Cultura Dinorath do Valle
Classificação indicativa: 14 anos

SILENCIANDO OS ECOS DO TOTALITARISMO: O DISCURSO DEMOCRÁTICO NO ESPETÁCULO ‘O QUE NOS MANTÉM VIVOS?’
Renato Borghi (SP) | Élcio Nogueira (SP) | Rogério Tarifa (SP) e Débora Duboc (SP)
Mediação: Renata Felinto
Conversa com o elenco e direção da peça “O que nos mantêm vivos?” a fim de se  refletir sobre o processo de elaboração do trabalho a partir do ressurgimento de teorias supremacistas e as consequentes interdições promovidas no campo das culturas, e artes da cena em especial. Como as artes da cena podem restaurar a humanidade e o humanismo?

encontro
27/07/2023 (quinta-feira)
15h às 16h30
Sesc Rio Preto – Comedoria
Classificação indicativa: 16 anos

CABARÉ CHINELO E AS VOZES SILENCIADAS: EXPLANAÇÕES SOBRE O MERETRÍCIO NO CICLO DA BORRACHA AMAZONENSE
Ateliê 23 (AM)
Apresentação: Renata Felinto
Artistas do espetáculo musical “Cabaré Chinelo” apresentam aspectos da pesquisa que fundamenta a peça, que foi tema da dissertação de mestrado do diretor Taciano Soares na Universidade Federal do Amazonas, desvendando o marginalizado universo do meretrício e as complexidades da história.

Ateliê 23
O coletivo que tem sua sede no centro da cidade de Manaus (AM) desde março de 2015, o Ateliê 23 possui 18 espetáculos de teatro e dança no repertório. A partir de 2020 se lança no audiovisual com a obra “Vacas Bravas [online]” e em 2021 com o projeto “A Bela é Poc”. A principal característica do coletivo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de doutorado “Bionarrativas Cênicas”, defendida por Taciano Soares na Universidade Federal da Bahia.

lançamento editorial
28/07/2023 (sexta-feira)
15h
Sesc Rio Preto – Sala de uso múltiplo
Classificação indicativa: 14 anos

BIÓGRAFOS DO TEATRO BRASILEIRO: ZÉ CELSO E O TEATRO MODERNISTA
Dirceu Alves Jr. (SP) | Alvaro Machado (SP)
Neste encontro, Dirceu Alves Jr., jornalista e coautor de “Sergio Mamberti: senhor do meu tempo”, conversa com o também jornalista e autor de “[…] metade é verdade – Ruth Escobar”, Alvaro Machado, sobre Zé Celso e o modernismo brasileiro a partir de pesquisa realizada por Machado para o livro “Ideias e formas virais: o modernismo de 1922 em artes cênicas, música e cinema”, que inclui uma entrevista com o ex-diretor do Teatro Oficina.

escuta aberta
28/07/2023 (sexta-feira)
20h30
Sesc Rio Preto – Teatro
Classificação indicativa: 14 anos

WORKING AND TALKING TOGETHER: ESCUTAS DA PLATEIA INTERATIVA
Nathan Ellis (Reino Unido)
Mediação: Renata Felinto
Nesta escuta aberta, além da comum fala do elenco, o público também é convidado a responder questões que podem surgir após a realização do espetáculo “work.txt”, que conta com a efetiva participação da plateia para a sua realização. Essa inversão propõe que seja compartilhada a experiência de palco e as dinâmicas teatrais que atualizam e extrapolam a prática tradicional.

Nathan Ellis
Nathan Ellis escreve para o teatro e o cinema. Sua primeira peça, “No one is coming to save you” (Ninguém está vindo para te salvar), de 2018, teve uma estreia “ardente” em Edimburgo, como classificou o jornal The Guardian, realizando uma longa turnê pelo Reino Unido, em 2019. Com este espetáculo, ele foi convidado para ser membro do Royal Court Invitation Writers’ Supergroup 2018-19, liderado por Alice Birch e Ali McDowall, participando de um programa de apoio ao longo de 12 meses. O artista também recebeu financiamento do programa Arts Council, que apoia pesquisas sobre práticas de dramaturgia na Europa, o que o levou para lugares como Avignon (França), Liubliana (Eslovênia), Belgrado (Sérvia) e Berlim (Alemanha). Em 2019, Nathan Ellis escreveu e produziu “work.txt”, um espetáculo sem atores, no Yard Theatre, como parte de seu programa de incentivo a novos trabalhos. Em 2020, sua peça “Super High Resolution”, sobre um médico à beira de um colapso, foi indicada ao Prêmio Verity Bargate e foi apresentada no Soho Theatre em 2022, com direção de Blanche McIntyre. Atualmente, ele é membro da BBC Writersroom’s Drama Room.

roda de conversa
29/07/2023 (sábado)
14h às 16h
Casa de Cultura Dinorath do Valle
Classificação indicativa: 16 anos

LUGARES DE ESCUTA, LUGARES DE ACOLHIMENTO: TRANSGENERIDADE NA ARTE E NA SOCIEDADE
Zé Henrique de Paula e Verónica Valenttino – Núcleo Experimental (SP) | Rodrigo Franco – Casa Chama (SP)

A partir da apresentação da biografia e das ações da ativista Brenda Lee e das iniciativas de instituições independentes como a Casa Chama (SP), a roda de conversa propõe a discussão sobre escuta, acolhimento e oportunização para pessoas transgêneras no campo da arte e da vida.

Zé Henrique de Paula
É diretor teatral, ator, dramaturgo, cenógrafo e figurinista, além de diretor artístico do Núcleo Experimental. Vencedor dos prêmios Shell, APCA, Reverência, Bibi Ferreira, Arte Qualidade Brasil e Aplauso Brasil, dirigiu recentemente os espetáculos “Sweeney Tood: o cruel barbeiro da Rua Fleet”; “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”; “Cabaret dos Bichos”; “Chaves, um tributo musical”; “Cartografia dos Humores Paulistanos – parte 1”; “Os filhos”; “Um panorama visto da ponte”, “Dogville”, “1984”, “Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812”, “Pacto, a história de Leopold e Loeb”, “Lembro todo dia de você”, “Urinal, o musical”, entre outros. Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie, com pós-graduação em Artes Cênicas pela ECA/SP, recebeu o título de Mestre em Direção Teatral pela University of Essex e cursou Figurino na University of the Arts, ambas em Londres. Também estudou interpretação e direção teatral na GITIS – Universidade Russa de Artes Teatrais.

Verónica Valenttino
Vinda do Ceará, a vocalista da banda Verónica Decide Morrer por 10 anos e radicada na cidade de São Paulo há seis anos, Verónica Valenttino participou de importantes festivais pelo Brasil, como Virada Cultural (SP), Maloca Dragão (CE), Ruído em cena (PR), Tomar Rock (RO), Teia (RN), Festival Marsha! (SP), 2º Festival Transversalidades Casa Chama (SP) e For Rainbow (CE). Graduada em Artes Cênicas pelo IFCE, atuou como atriz em espetáculos e filmes. 

Rodrigo Franco – Casa Chama
Rodrigo Franco atua como articulador político-cultural e empreendedor na cidade de São Paulo. É graduado em Design Gráfico pelo IED e pós-graduado em História da Arte, Crítica e Curadoria pela PUC-SP. Nas artes visuais, tem experiência trabalhando em residências e bienais nacionais e internacionais, bem como na produção de conteúdo para sites e revistas. Digg é um homem trans e se reconhece uma pessoa transmasculina desde criança, apesar de acreditar que se reconhecer não é o suficiente sem informação e sem convívio com outras pessoas trans de todas as realidades. Com isso em mente, fundou a Casa Chama em 2018, ONG da qual é presidente. Com esse trabalho, se dedica à construção de espaços e garantia de direitos para pessoas transvestigêneres por meio de ações que visam a emancipação financeira e o prolongamento de suas vidas.

Fotos: Divulgação

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