É tempo de naturalizar as vidas travestis em nosso convívio. Relembrar as histórias tantas vezes repetidas, mas poucas vezes escutadas. Reapropriar-se delas e apresentá-las de uma forma que dialogue com o grande público.

No momento em que as peças feitas por pessoas trans despontam em visibilidade, interesse do público e premiações, Brenda Lee e o Palácio das Princesas já é um marco no cenário teatral, abalando corações e renovando os ânimos da luta ao remontar a trajetória de uma das mais importantes ativistas LGBT do Brasil.

Conhecida como “anjo da guarda das travestis”, Brenda Lee fundou a primeira casa de acolhida para pessoas com HIV/AIDS, afirmando a rede de apoio mútua como gesto de resistência ante ao ódio e ao descaso com que as travestis eram tratadas pelas instituições, incluindo aí a medicina e a polícia, e por suas famílias. A peça não se furta de tratar da realidade violenta, mas não se deixa definir por ela, abrindo o imaginário ao encantamento e à solidariedade.

Com seis atrizes travestis no elenco, e mais uma na banda, em performances arrebatadoras e canções que transitam entre o épico e o conto de fadas, este musical do Núcleo Experimental ousa destacar a multiplicidade e a humanidade das narrativas subalternizadas.