“A dor da saudade quem é que não tem? Olhando o passado, quem é que não sente saudade de alguém?”. São esses versos que tocam a protagonista da obra Os quatro Cantos de Elpídio, atingindo sua memória materna mais afetiva, e impulsionam uma jornada quase insensata para se aproximar da sensibilidade criadora que lhe provocou tamanho efeito. Moça típica de um interior paulista quase mítico na ingenuidade conservada, Catarina desenha um desvio no destino casamenteiro para perseguir um desejo que a arte lhe desperta.

Com texto e direção de Talita Cabral, esse romance popular criado pela Cia Navega Jangada faz uma dupla declaração de amor: à música, por sua capacidade de mobilizar sentimentos; e ao compositor, esse artista que tantas vezes permanece esquecido, sem reconhecimento ou no anonimato, mas que possui a artesanía delicada da expressão dos sentimentos em palavras.

Os passos de Catarina em suas viagens são guiados por um engano, que envolve os filmes de Mazzaropi e a obra de Elpídio dos Santos (1909-1970), maestro nascido em São Luiz do Paraitinga, no Vale da Paraíba, multi-instrumentista e compositor gravado por canções como Almir Sater, Sérgio Reis, Renato Teixeira e Fafá de Belém. Além de Mazzaropi.

Entre desencontros e mal-entendidos, ela se faz acompanhar de oito festeiros, atravessando devoções e carnavais para dar um lugar à saudade.