Um irmão recém-nascido transforma a vida de qualquer menina. Para Violeta, o primeiro susto virá com a perda da companhia dos pais para pular o carnaval, agora que Azul também precisa da atenção deles, até mais do que ela. Depois, será o de entender o que um bebê faz ou não, comparado a uma criança crescida. Além dessas diferenças mais comuns, a garota vai encontrar, aos poucos, os modos singulares daquele menino se relacionar com o mundo e com as pessoas.

A Artesanal Cia. de Teatro pesquisou histórias de famílias “atípicas” para compor a dramaturgia de uma peça que retratasse um percurso de descoberta a partir do nascimento de uma criança que não coincide com as expectativas “típicas” para cada idade. Nesse convívio, a falta de jeito do pai, da mãe e da irmã diante do desconhecido que se apresenta vai ceder passo a passo, à medida que aprendem com Azul seu modo de ser.

O teatro de formas animadas, com máscaras e manipulação, dá o tom lúdico e fantasioso para uma história contada a partir do olhar da irmã, na infância e, ao fim, já adulta. Há brecha para a fábula se descolar da narrativa mais didática e abrir-se a alguma interrogação metafísica sobre a vida e o tempo. É assim que outras lógicas subjetivas, sem as quais as diferenças não têm lugar na sociedade, podem encontrar seu espaço sensível.