Os 50 anos do grupo colombiano La Candelaria coincidiram com o aniversário de 50 anos de morte do padre revolucionário Camilo Torres (1929-1966), uma das figuras mais emblemáticas da luta política na América Latina e uma das principais vozes da Teologia da Libertação.

“Desaparecido”, seus restos mortais ainda são reivindicados por guerrilheiros. Na ausência do seu corpo, cada artista da companhia teatral incorpora em cena suas ideias e memórias. Em um palco sombrio, por onde a morte transita com silhueta de mulher e uma rosa vermelha cravada sobre o crânio aparente, as paixões religiosas e políticas movem os embates. Constituem um espetáculo de teatralidade acentuada, com movimentos coreografados de figuras que povoaram sua biografia e seu imaginário, algumas realistas, outras alegóricas, em uma travessia por dimensões místicas, sociais e revolucionárias pelas quais Camilo Torres se embrenhou.

Interessa ao grupo as contradições de uma vida dedicada ao ensino e à religião, numa defesa do amor, e que se encerra com seu assassinato no primeiro combate de que tomou parte na guerrilha rural. A cultura latina nutre a cena com os ritmos da música ao vivo e com o espírito insurgente, que ainda reverbera por essas terras.