Há coisas que é preciso dizer. Fazer com que as histórias circulem entre grupos sociais distintos e possam encontrar pouso e reverberação. Nomear o bullying, nomear a homofobia, são modos de circunscrever essas manifestações e compartilhar coletivamente o seu teor agressivo. Uma operação de conscientização, com função educativa, política e transformadora para quem diz e para quem, de fato, escuta. E, caso uma abordagem discursiva não seja efetiva, aqui temos 3 maneiras de tocar no assunto.

Autor do texto e única presença em cena, Leonardo Netto encara o público frontalmente, com uma narrativa oral que ora se manifesta como palestra, denúncia, conversa ou discurso político. No primeiro solo, ele retorna à vida escolar e disseca a gravidade das consequências da homofobia “recreativa”, chamando o público a questionar a passividade da plateia. No segundo, assume a voz de um dos envolvidos na Revolta de Stonewall (EUA, 1969) e relata o nascimento de uma insurgência. Finalmente, termina com o discurso político de um parlamentar que se engaja em pautas a favor dos direitos negados à comunidade gay.

A cada virada de perspectiva, a crítica à homofobia reorganiza seus elementos em um novo sistema discursivo que apela à racionalidade e à ética dos espectadores, para desfazer a ideia de que a diferença seja uma ameaça: “Numa sociedade intolerante, ninguém está a salvo”. A encenação de Fabiano de Freitas promove esse diálogo direto, em que os ruídos não calam a luta por justiça social. Hora de erguer a voz.